Meninas do Subúrbio

Biblioteca social no Subúrbio reforça a importância da literatura nas comunidades

O local, criado e mantido por mulheres negras, oferece o acesso gratuito a livros e atividades culturais

Foto: PS Notícias
Foto: PS Notícias

No bairro de Coutos, em Salvador, a Biblioteca Social Afro-Indígena Meninas do Subúrbio promove literatura, lazer e bem-estar para a comunidade. O local, criado e mantido por mulheres negras, oferece o acesso gratuito a livros e atividades culturais, reforçando a importância da leitura e a popularização no acesso à cultura.

A biblioteca surgiu com o desejo de democratizar e compartilhar conhecimento. Atualmente, o projeto segue em frente com o apoio de colaboradores da comunidade. Em entrevista ao PS Notícias, Dejanira Rainha, uma das idealizadoras, comentou sobre a importância do apoio para manutenção da biblioteca.

“Nós recebemos apoio principalmente de mulheres negras, professoras e poetas que entendem a importância desse espaço. É com essa rede que conseguimos manter aluguel, energia, água e até os lanches durante as atividades”, contou Dejanira.

Entre as atividades promovidas no espaço, estão saraus, contação de histórias e serviços voltados ao bem-estar da comunidade.

“Além da literatura, pensamos no cuidado com o corpo negro, principalmente feminino, que é historicamente negligenciado e agredido. Oferecemos massoterapia e atendimento psicológico para mulheres da região, buscando mostrar a importância do autocuidado”, explicou Dejanira.


Para Dejanira, a existência de espaços como esse amplia as oportunidades das crianças da periferia.

“Muitas das nossas crianças não têm livros de literatura em casa. Quando abrimos espaços não formais, como a Meninas do Subúrbio, a Leituroteca Orí Aiê ou a Biblioteca Paulo Freire, garantimos que elas tenham outras formas de contato com a leitura, para além do que a escola já oferece”, afirmou a organizadora.

Apesar dos avanços, o desafio em encontrar voluntários para ação se faz presente. A organização precisa de novas pessoas voluntárias para ajudarem na manutenção da biblioteca, assim, podendo expandir seu funcionamento e alcançar cada vez mais pessoas.

“Hoje, o maior desafio é o voluntariado. Como vivemos em uma região onde as pessoas estão correndo atrás da sobrevivência, é difícil conseguir alguém que esteja disponível para ajudar. Se tivermos mais apoio da comunidade, poderemos abrir em mais dias e fortalecer ainda mais esse trabalho”, disse Dejanira.

De acordo com a escritora, fortalecer iniciativas comunitárias é também uma forma de enfrentar desigualdades e promover avanço na transformação do futuro de crianças e adolescentes.

“Nós precisamos nos unir para cobrar do poder público ações concretas, mas também precisamos agir de dentro para fora. Somos nós, pessoas das comunidades, que precisamos assumir esse papel de transformação. E tem que ser agora”, defendeu a autora.

Além de gerenciar a biblioteca, Dejanira Rainha prepara o lançamento de sua nova obra. O livro “Agora vou para a escola” será lançado na próxima quinta-feira (25), às 17h30, no Projeto Fala Escritor, na Biblioteca Central dos Barris.