Frente Fria

Diretor da Codesal critica sistema nacional de alerta de chuvas e faz denúncia sobre radares meteorológicos: “Pessoas podem morrer”

Sosthenes Macedo questionou a forma como os alertas climáticos são emitidos e denunciou a precariedade dos órgãos federais

Foto: Divulgação e Reprodução/TV Bahia
Foto: Divulgação e Reprodução/TV Bahia

O diretor da Defesa Civil de Salvador (Codesal), Sosthenes Macedo, fez duras críticas ao Sistema Nacional de Monitoramento Meteorológico durante entrevista ao programa Toda Hora, da Salvador FM, na manhã desta terça-feira (21). Macedo questionou a forma como os alertas climáticos são emitidos e denunciou a precariedade dos órgãos federais responsáveis por fornecer informações meteorológicas.

A declaração do diretor ocorre em meio à frente fria que atinge a Bahia desde segunda-feira (20), provocando chuvas intensas em diversas cidades. Somente em Salvador, o volume acumulado nas últimas 24 horas já ultrapassou o esperado para todo o mês de outubro, segundo boletim divulgado pela Codesal às 6h da manhã.

Macedo explicou que, diferentemente do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), que utiliza cores para indicar o grau de risco, a Codesal adota um sistema próprio de monitoramento. Ele ressaltou que a simbologia por cores pode levar a interpretações equivocadas, já que não considera as realidades locais.

A Codesal não faz essa simbologia, esse uso de colorações. Há um outro instituto que faz, que ao nosso ver é importante, mas por vezes perigoso. Porque quando o outro instituto coloca para todo o Estado uma coloração de alerta, ele está apontando que todo o Estado está em condição de risco igualmente. Não é o que ocorre nas últimas previsões emitidas por esse Instituto Nacional”, explicou.

O diretor da Codesal destacou que Salvador trabalha com protocolos próprios, baseados em dados geológicos e meteorológicos locais. “Nós estávamos de observação até ontem, que é entre 20 e 30 milímetros. Quando ultrapassamos os 80 milímetros nos locais que contam com o sistema de alerta e alarme, aqueles mais vulneráveis geologicamente falando. A partir desse momento, nós mudamos o nosso nível para atenção. Na sequência, tem o alerta e depois o alerta máximo.”

Durante a entrevista, Sosthenes fez fortes críticas à estrutura federal de monitoramento, apontando falhas graves no Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). Segundo ele, a falta de atualização dos dados e o sucateamento dos equipamentos colocam vidas em risco.

O Cemaden, há dois anos, não oferece as imagens do radar meteorológico para o Estado da Bahia. Há um ano, não oferece essa imagem ininterruptamente. As pessoas podem morrer, porque as informações, as imagens que deveriam ser fornecidas pelo governo federal por meio do Cemaden estão sem serem apresentadas já há muito tempo na nossa cidade e no nosso Estado”, alertou.

O diretor da Codesal revelou ainda que a maioria dos radares meteorológicos do país não está funcionando, o que agrava o problema.

Dos nove radares, seis estão sem funcionar. É uma política irresponsável, voltada à área da defesa civil, que tem efetivamente preocupado os dirigentes de defesa civil de todo o Brasil, notadamente os da Bahia”, disse.