

"Temos duas linhas de investigação: uma é a questão de um vírus. […] A outra possibilidade que estamos abrindo, especialmente mais recentemente, nas últimas 24 horas, é uma investigação mais detalhada desses casos, todos eles têm exposição recente a peixe. A gente sabe que existe uma síndrome muito parecida com essa que tem sido descrita no [estado do] Amazonas, em peixes de água doce, mas os pacientes nossos todos comeram peixes de água salgada, 'olho de boi', 'badejo', foram os principais", explica.
O especialista afirma que, no Amazonas, a toxina já foi identificada no peixe de água doce "pacu manteiga", que causa um quadro de sintomas semelhante. "Aqui a gente vai ter que investigar e vou notificiar as autoridades sanitárias sobre essa investigação", afirma. Ele destaca, no entanto, que a possibilidade de a doença ser causada por vírus não foi descartada. "Eu acho que estamos trabalhando em duas hipóteses. Não abandonamos ainda de o vírus circulando, mas tem hipótese de toxina no peixe", diz.
Ele diz que já atendeu 12 pacientes com os sintomas até esta sexta-feira (16). Até a quinta-feira (15), eram nove casos. O casal Giovana Colavolpe e Tiago Pavan apresentaram os sintomas após ter ingerido o peixe, segundo o infectologista.
"O casal foi para Guarajuba [praia do litoral norte da Bahia] e comeu o peixe em uma moqueca. A tia deles estava lá com sintomas mas não sabia de nada disso, tomava remédios achando que o corpo estava moído. Eles tiveram com ela e a gente pensou que isso justificasse o contato de pessoa a pessoa", conta Antônio.
Os dois novos casos acompanhados pelo infectologista são de pessoas que estavam em Praia do Forte e compraram um peixe em Guarajuba. "Nesse caso, uma famila que era mãe, filha e uma empregada se alimentaram desse peixe e tiveram sintomas", diz o médico.
Antônio afirma que o sintoma de urina preta ocorre por conta da rabdomiólise, causada pela lesão muscular. "A lesão musucular é tão grande, que sai tanto pigmento do músculo, que é vermelho. O pigmento vermelho vai para o rim e o indivíduo tem a urina escura. Isso demonstra uma dor muscular muito intensa", explica.
Um dos pacientes desenvolveu insuficiencia renal, mas teve boa evolução do quadro. "Porque esse pigmento é toxico para os rins. É necessário uma hidratação vigorosa para isso", aponta. O médico diz que o tratamento é feito com hidratação e analgésico. "O paciente não deve, em hipótese nenhuma tomar anti-inflamatório, porque pode piorar a função renal", adverte. O tempo de melhora, em média, dura três dias.
A Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) informou que ainda está investigando os casos, por meio da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Divep).
Reprodução/G1


