Direitos humanos

Secretário de Justiça defende investimento em inteligência para proteger policiais

"Controlar as armas e tirar o dinheiro são os dois caminhos mais importantes para enfrentar o crime organizado", sugeriu Felipe Freitas

Felipe Freitas na Salvador FM
Felipe Freitas na Salvador FM

O secretário de Justiça e Direitos Humanos do Estado da Bahia, Felipe Freitas, falou sobre ações do governo baiano no combate ao crime organizado e também comentou a operação policial no Rio de Janeiro, que culminou na morte de ao menos 120 pessoas, incluindo quatro policiais. Freitas foi o entrevistado do programa Ligação Direta, na Salvador FM, na noite desta quinta-feira (30).

Diante da repercussão do caso, o secretário disse compreender aquelas pessoas que defendem a morte de traficantes como medida para combater o crime organizado.

“Eu entendo as pessoas que pensam assim. Elas estão vivendo um contexto de violência, elas se cansam de os governos não conseguirem, ao longo dos anos, assegurar a livre circulação. As pessoas aderem a esse discurso, que é de desespero. Eu sou um militante dos direitos humanos e compreendo este sentimento das pessoas. O grande desafio é refletir se isso resolve. É um absurdo imaginar que é matando as pessoas que a gente resolve os problemas”, ressaltou.

Ainda nesse sentido, completou o secretário de Justiça, a morte dos traficantes não representa uma solução porque eles são substituídos “muito rapidamente”.

“Nós não temos como enfrentar o crime matando pessoas, inclusive para proteção dos profissionais de segurança pública. Os quatros policiais mortos e outros 15 feridos são vítimas de uma má política de segurança pública”, relacionou.

Ao se referir ao risco de exposição dos policiais nestas operações, o secretário Felipe Freitas defendeu investimento em inteligência para preservar os profissionais.

“Nós temos que proteger os policiais. E uma maneira de proteger é investir em políticas de inteligência para a polícia fazer um trabalho técnico e eficaz, ampliando o respeito e a credibilidade das comunidades. Quando os policiais são jogados, e foi isso que aconteceu no Rio, eles se fragilizam e se tornam vítimas também, de modo que eles não merecem. Porque eles são profissionais sérios, estão trabalhando, e merecem desenvolver o seu trabalho com efetividade”, argumentou o titular da Secretaria de Justiça da Bahia.

De acordo com Freitas, para combater o crime de forma eficaz, é necessário controlar a produção, comércio e circulação de armas.

“Temos que combater todo o ciclo, melhorar a identificação de armas, combater o descaminho, discutir como armamentos de uso restrito das forças de segurança entram no mercado ilegal. Controlar as armas e tirar o dinheiro são os dois caminhos mais importantes para enfrentar o crime organizado”, sugeriu.