Você provavelmente já falou ou ouviu a expressão “vai chorar no pé do caboclo”. Mas sabe de onde surgiu essa frase e quem são as figuras emblemáticas que protagonizam o desfile do 2 de Julho, data que marca a independência do Brasil na Bahia?
Em entrevista ao programa Toda Hora, da Salvador FM, o historiador e professor Rodrigo Lopes explicou as transformações do cortejo ao longo dos anos e o surgimento dos personagens centrais da festa: o Caboclo e a Cabocla.
“O desfile, já no ano seguinte após 1823, ou seja, em 1824, começa a ser organizado para demarcar essa entrada dos brasileiros vitoriosos depois da fuga dos portugueses na madrugada de 2 de julho. Ele não tinha esse percurso que tem até hoje, ia até o Terreiro de Jesus. Depois se prolonga até o Campo Grande, quando a praça é inaugurada, isso já na segunda metade do século XIX. Que é o percurso que ele tem até hoje.”
Durante a conversa, Rodrigo detalhou o surgimento dos caboclos, figuras que representam o povo brasileiro.
“O caboclo é a primeira imagem criada. Ele é representado espetando uma lança numa serpente. Essa serpente representa Portugal. As pessoas acham ele muito agressivo. Depois que Portugal reconhece a independência, não havia mais por que sustentar esse belicismo. Então se cria a figura da cabocla, que tem uma aparência mais dócil, para amenizar essa animosidade. Ela veio para refrear essa agressividade.”
Segundo o historiador, com o tempo, os caboclos passaram a ganhar uma conotação quase religiosa. A estátua no Campo Grande virou ponto de promessas, orações e lamentos populares, surgindo assim o ditado que hoje está presente no vocabulário dos baianos.
“Por conta do elemento indígena e das religiões de matriz africana, aquilo se revestiu de uma conotação quase religiosa. As pessoas realmente vão rezar e chorar no pé do caboclo. Por conta disso, a expressão pegou.”
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