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O Tribunal do Júri de Carinhanha, no sudoeste da Bahia, condenou, nesta quarta-feira (19), Wanrley Silva Teixeira, de 30 anos, a 21 anos, 10 meses e 15 dias de prisão em regime fechado. Os jurados o responsabilizaram por tentativa qualificada de feminicídio e por provocar aborto sem consentimento da vítima. O crime ocorreu em abril de 2020, quando Cleidiane dos Santos Ribeiro, de 20 anos e grávida, foi jogada da ponte Guimarães Rosa, que liga Carinhanha a Malhada, sobre o rio São Francisco.

Conforme depoimento prestado à polícia, Cleidiane relatou que mantinha uma relação extraconjugal com o acusado havia cinco anos e que estava grávida dele há cerca de um mês. Na noite do crime, por volta das 19h, ela se encontrou com Wanrley em Palmas de Monte Alto após receber uma ligação. Durante a conversa, ele insistiu para que ela tomasse um medicamento para abortar e afirmou que não desejava o filho, mas Cleidiane recusou.

Segundo a vítima, o suspeito a convenceu a entrar no carro e seguiram viagem enquanto discutiam sobre a gestação. Ela relatou que Wanrley não fez ameaças durante o trajeto e dizia apenas que “queria conversar”. A jovem percebeu que estavam chegando a Carinhanha, já na ponte, quando o réu fez a volta ao avistar uma barreira sanitária montada por guardas municipais.

Foi nesse momento que o crime aconteceu. Cleidiane contou que o réu parou o carro no meio da ponte, disse que iria urinar e saiu do veículo. Quando o celular dela tocou, era a mãe ligando, Wanrley tomou o aparelho, impediu que ela atendesse e, em seguida, a puxou pelos braços e a jogou por cima da proteção da ponte. “Pedi para ele não fazer aquilo, mas ele não disse nada”, relatou a vítima.

Cleidiane caiu de uma altura superior a 25 metros, ficando presa em gravetos e areia quase no meio do rio. Ela explicou que, ao olhar para os lados e ver apenas água, entrou em pânico e começou a gritar por socorro. Os guardas que estavam na barreira sanitária ouviram os gritos e, com a ajuda de um pescador, a resgataram de barco. A jovem foi levada ao hospital ainda consciente.

Julgamento

No depoimento, Cleidiane afirmou que Wanrley não estava bêbado e que nunca havia praticado violência contra ela antes do ataque.

Durante o julgamento, a defesa alegou que a queda foi acidental, mas os jurados rejeitaram essa versão. O Ministério Público sustentou que Wanrley agiu por motivo torpe, motivado pela recusa em assumir a paternidade, e que enganou a vítima antes de jogá-la da ponte.

O juiz Arthur Antunes Amaro Neves destacou na sentença a gravidade e a crueldade do crime, ressaltando que a vítima ainda sofre sequelas psicológicas cinco anos depois e depende de medicamentos controlados.

Apesar da condenação, o magistrado permitiu que o réu recorra em liberdade, mediante medidas cautelares que proíbem qualquer aproximação ou contato com a vítima e seus familiares.